Velhas novas

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Comecei a organizar minhas coisas que estavam empilhadas há um tempão, afetando o modo como eu via meu lugar...
Tinha mágoas guardadas em caixas velhas que já criavam mofo. Fitei-as com pesar, sabendo que teria que me livrar delas, que já não valeriam nada depois desses anos. E que depois de mais alguns anos, valeriam menos ainda. Perdoei-me por sentir-me mal, mas coloquei tudo junto com as outras tralhas.
Achei alguns medos escondidos atrás da minha baixa auto-estima, puxei-os com força, organizei todos em ordem crescente e fui dispensando um a um, nessa ordem, perguntando-me "por que diabos eles estão guardados há tanto tempo?".
Eu sou o tipo de pessoa que se apega ao passado, que coleciona coisas, que não esquece dos acontecimentos. Meus armários estavam lotados de coisas algumas até que eu já nem sabia que existiam.
Tirei dos armários mais altos resquícios de atitudes que nem eram minhas. Que devo ter pego emprestado de alguém há muitos anos atrás e trouxe comigo, mudança após mudança. Tentei lembrar de quem era cada coisa, mas desisti depois que pensei que os próprios donos poderiam achar aquilo meio fora de moda. Tudo para o lixo.
Em um gaveteiro, encontrei umas 3 ou 4 teimosias, quase sorri, mas segurei-me. Não havia nada de engraçado. Estavam a tanto tempo lá que eu precisei fazer um força sobre-humana para tentar tirá-las das gavetas. Por fim, joguei o gaveteiro todo fora para não correr o risco de guardar lugar para alguma outra teimosia nova.
Houveram coisas que tive dúvida se eram tralhas ou parte da decoração, houveram algumas que eu joguei fora ainda com dúvida. Meu consolo foi que o melhor mesmo é tentar uma nova decoração de vez em quando...
Depois que tudo estava do lado de fora, pronto para ser dispensado dei uma nova olhada no lugar. Parecia maior. Faltava lugar para se encostar, mas depois vi que era melhor exercitar meus músculos e sustentar-me em minhas próprias pernas.
Fiquei feliz com a possibilidade de encher o lugar de coisas novas e melhores do que as velhas coisas que eu já sabia de cor. Empolguei-me com a nova sensação que o lugar poderia agora causar. Com o espaço que poderia conter mais pessoas...
Abri as janelas e as portas para o novo ar circular pelas coisas que haviam ficado, minhas coisas boas indispensáveis.
Pensei em fazer uma festa, chamar todo mundo, avisar que as coisas estavam diferentes. Depois notei que talvez eu devesse me acostumar com o lugar primeiro, tentar colocar um ou outro quadro novo na parede. Deixar o tempo fazer eu chamar o novo lugar de meu naturalmente.
Levei tudo para fora e voltei. O novo ar, o espaço, a falta de certas coisas tinha deixado o lugar também um pouco mais frio...
Procurei desesperadamente por uma coisa que tinha certeza que não tinha jogado fora, que deveria estar ali em algum lugar perdida. Depois de algum tempo encontrei-a em partes, espalhadas por todo o lugar. Minha esperança estava em cada canto que eu havia remexido. Coloquei-a nos ombro e, apesar de leve, melhorou muito a sensação para o momento.
Tive certeza nesse momento e disse alto para inaugurar "vai esquentar, precisa esquentar."

1 comentários:

Clau Capelini disse...

Hummm, o novo. Sempre bem-vindo. Sempre vindo...

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