Não foi (?)

terça-feira, 30 de junho de 2009

Ele finalmente chegou até a porta da casa dela. Deteu-se no começo da escada que levava até a varanda da entrada. Olhou-a por um instante o jardim maltratado pelo inverno rigoroso daquele ano. Relembrou a conversa que tinha ensaiado no caminho para lá, estava com todas as falas decoradas, as respostas às perguntas que ele não sabia se ela ia fazer, inclusive.
Subiu os degraus lentamente. Fez menção de bater na porta mas parou com o punho fechado no ar. Seu coração pulsava descontraladamente, olhou para o peito e pode ver o tremor que aquilo causava. Abaixou a mão. Deveria dizer aquilo tudo?
Abaixou-se no chão e pousou a cabeça sobre as mãos. Tentou lembrar de tudo que haviam passado, de tudo que havia pensado enquanto estava sozinho, de tudo que havia pensado quando estava com ela. Uma lágrima escorreu sem querer, estava sofrendo. Veio o caminho todo até ali dizendo que não iria sofrer, independentemente do que acontecesse, mas estava sofrendo.
Levantou-se num pulo como se pudesse sair daquilo com um movimento brusco. Agora seu coração pulsava dolorido. Percebeu que não conseguiria falar nada, nem o decorado, sua garganta ardia enquanto a visão embaçava.
Virou-se e desceu os degraus. Olhou mais uma vez para a porta antes de ir embora. Depois correu e apesar de saber exatamente o caminho de volta, quanto mais longe da casa, mais perdido parecia.

Ela estava olhando pela janela há mais de cinco horas, mesmo sem saber se ele viria ou não. Quando viu ele correr, chorou mas não se mexeu. Disse a si mesma "ele vai voltar, ele vai voltar".

0 comentários:

Site Meter