noite daquelas

eu de novo. o pé pelas mãos...
saio da aula que deu a única crítica construtiva para meu último filme, para fritar um hamburguer de soja e deixar a casa toda tomada pelo cheiro.
tomo banho com todos os podrutos que eu comprei na última compra a crédito, que já faz mais de dois meses que era necessária.
saio de casa por um drive thru do mal. do bem, mas do mal. fico deitada pensando, ah, é, tudo é falta, afinal.
som de mensagem que chegou. inacreditável a cara de pau do povo. inacreditável. sucumbo. passo a noite tentando manter me anestesiada da realidade, sentindo um prazer ilusório, momentâneo, mas que salva.
sonho. acordada, mas sonho. durmo pouco. acordo com o sonho me pedindo para ficar mais um pouco, enroscando-se em mim na cama. estou fria, é a vida, tenho que levantar.
a roupa não está muito boa, a cara não está muito boa, meus olhos ardem inexplicavelmente. talvez por que dormi pouco.
parto, sabendo que talvez nunca volte de onde saí... mas penso, porra, eu já sabia...
o dia cinza, a dor em partes...

often it is the only

thing

between you and

impossibility.

no drink,

no woman's love,

no wealth

can

match it. 

nothing can save

you

except

writing.

Bukowski